Hoje é uma dessas datas simbólicas que são carregadas de muitos significados. Até mesmo para quem acha que o Brasil se tornou independente não para os verdadeiros brasileiros, mas sim para uma elite que se formara em grande medida por portugueses. Mas isso não é o importante agora.
O sentido de independência, quando
recorremos à sua etimologia, tem sua origem remontada ao latim “dependere”, e
deriva, em nossa língua, do substantivo dependência. Dependência, por sua vez,
quer dizer que algo não tem razão de ser se não for combinado com outra coisa.
Pois bem: o adjetivo dependente, que
deriva do verbo depender, dá ideia de subordinado a...
Para além desse emaranhado de sentidos
– praticamente sem necessidade, pois todos sabemos bem o significado -, temos
que compreender que não é algo que traga conforto em se tratando de sociedade. Cidadãos
de direitos e deveres que somos, vivemos em uma sociedade que deve olhar para o
seu passado, aprender com os erros e fortalecer as conquistas que são caras à
coletividade.
Afinal de contas, ainda há muito
a se melhorar. Não podemos, à luz dos melhores ensinamentos religiosos ou
sentimentos humanos, nos sentirmos bem sabendo que tanta gente sofre pela falta
de itens tão necessários como comida ou lugar para morar.
Vivemos tempos complexos, onde naturalizamos
a morte, banalizamos o crime, normalizamos o mal. Como se não bastasse, falamos
em “igualdade” e meritocracia sem pensarmos na equidade e na desigualdade que
tão bem caracteriza a sociedade brasileira. Nos fechamos em nosso círculo, e os
outros são apenas os outros.
Assistimos, há décadas, ou há
séculos, no Brasil, grupos se alternando no poder, e o povo assistindo
bestializado, pensando que tem a ver com ele... triste engano!
O Brasil independente ainda soa
estranho. Mesmo passando-se quase 200 anos daquele ato cheio de controvérsias. O
povo, ainda continua esperando sua vez, contentando-se enquanto não chega, com
migalhas, porque o prato principal ainda está no âmbito do sonho.
É preciso não somente sonhar, mas
lutar para realizar os nossos anseios. Sim, pois as mudanças vêm através de
muita luta. Isso não é fácil. Não ocorre do dia para a noite. É tudo a longo
prazo. Mas faz parte de nossa missão pensar no outro, pois somos cidadãos do
mundo, e precisamos nos unir em prol do bem comum.
O processo de independência do Brasil
continua. E é urgente que se realize também a nossa independência. Sejamos gerentes
do nosso próprio destino, e tomemos as rédeas desse país, não à força ou por
caminhos escusos, mas por meio do que é direito e justo.
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